Quarta Dimensão
A vida - minha doce amiga - é suave e amena
na plenitude dos desejos, quando existe amor;
Deus, com a perfeição da Sua sapiência,
impregnou o Universo com as leis harmônicas da Natureza.
Por isso, quando nos vem socorrer, insofismável e inesperadamente.
A ilusão é o início da vida e a desilusão é o seu término;
ambas se confundem com o estado emocional de cada um:
a primeira - filha direta da evolução - como polo positivo exige, para produzir algo de nobre, o catódio da segunda.
A luz se faz... surge o calor e o movimento impera;
o homem combalido recupera a vida
enquanto su'alma exaurida, refazendo os ânimos,
sorve em longos haustosa felicidade sob a forma de razão.
A princípio, um castelo construido em plena areia.
Constituída a finalidade do seu existir:
- aquele amor, aquela criatura, aquela fatuidade,
tudo afinal era a essência do seu próprio ser.
Um dia, como a borrasca que derriba a árvore
ou o raio que fulmina o gado, a desilusão baixou;
- lágrimas rolaram nas faces sulcadas e macilentas
no perpassar dos dias, qual expectação da morte.
Bem diz a Medicina - a mente comanda o corpo -
na lei recíproca do psicossomatismo:
- olhar sem expressão... faces covadas... ombros caídos...
cabeça baixa... passos tardos... inapetência eterna.
Assim, na vertiginosa carreira para a desintegração,
aquele ser egocêntrico era cego para as grandezas do amor
substanciadas nas criaturass que lhe sorriam fraternalmente.
Até que um dia, ouvindo a voz da inspiração,
rabiscou sobre a folha alvinitente
frases a esmo, alocuções insólitas,
numa catarse profunda de seu espírito conturbado.
A lei do acaso - a lei da causa e efeito -
lançou dentro do peito, que há pouco agonizava,
a semente da esperança... da Fé... da compreensão.
Após a noite surge a aurora
e a bonança no lugar da tempestade.
A sua fisionomia se disfez:
um sorriso aflorou naquele rosto
qual flor desabrochando a exalar perfume
num terreno adubado pela dor,
regado por lágrimas copiosas
e arado pelas maquinações sofisticadas da alucinação.
A Sol da verdade, fecundando a semente da evolução,
não só fez brotar a vida como a beleza
por entre o caos da imperfeição humana.
Só a dor lhe fez entender o verdadeiro sentido da vida:
- o mundo é uma maravilha... é uma portentosidade...
uma escola onde só nos ensina a amar, a compreender,
a servir a todos desinteressadamente,
seguindo a meta que nos indicou Jesus
em busca da perfeição, da verdadeira vida.
Sua ilusão, partida em mil pedaços, mil vidas então gerou:
de Norte a Sul, de Leste a Oeste deste Brasil,
de todas as plagas distantes do território pátrio,
uma palavra de conforto, uma exaltação de amor,
um incentivo ao seu constante labutar,
um irmão desconhecido, uma irmão meiga e terna,
tudo afinal é carinho... tudo é vida... tudo é progresso.
Fiel a sua desdita
com a qual vive, lado a lado,
oferta-lhe carinho e devotamento.
Sorrindo, contempla aquele rosto contraído
como o seu de outrora, impregnado de ódio e de despreso.
Sorri alegremente... procura só ver o belo...
sentir a vida onde a morte impera
e o próprio amor onde a perfídia vive.
Adeus ódio... adeus ciúmes... Adeus ingratidão...
Deixa-me te amar - assim ele diz - pobre poeta:
- o ódio é o amor em quarta dimensão!
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Vida |
Em 07 de dezembro de 1977, este belo poema fora escrito pelo jornalista valenciano, José Pinheiro Fernandes, irmão de Nabor Fernandes, outro jornalista renomado.
Poema de seu último livro, Última Etapa: prosa e poesia - histórias, ciências, filosofia, psicologia, sociologia, jornalismo, moral e civismo.
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