sexta-feira, 2 de maio de 2014

Quando os trabalhadores perderem a paciência

QUANDO OS TRABALHADORES PERDEREM A PACIÊNCIA
                                                                                 Mauro Luís Iasi

As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não a concorrência
Mas isso, só quando os trabalhadores perderem a paciência

Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Mas isso, só quando os trabalhadores perderem a paciência

O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Mas isso, só quando os trabalhadores perderem a paciência

A pele será carícia e corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Mas isso, só quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juízes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências

Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Mas isso, só quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando enfim os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obscelescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
"Declaro vaga a presidência"










Nenhum comentário:

Postar um comentário